Personal fora de forma?
A *heurística de representatividade* é um atalho mental descrito pela psicologia cognitiva, especialmente por autores como Tversky e Kahneman. *Ela envolve julgar a probabilidade ou a natureza de algo com base em sua semelhança com um estereótipo ou padrão mental pré-estabelecido*, em vez de dados reais ou estatísticos.
Aplicando ao caso: *Personal Trainer ser gordo*
Quando uma pessoa encontra um personal trainer com sobrepeso ou obeso, a *heurística de representatividade é ativada da seguinte forma:*
> "Se ele não se parece com o estereótipo de alguém saudável, atlético e em forma, então ele não deve ser um bom profissional de educação física."
Esse julgamento é feito automaticamente e de forma inconsciente pela maioria das pessoas, baseado na aparência e não na competência técnica, empatia, didática ou resultados dos alunos. O pensamento é simples e direto:
> “Um bom personal tem que ter shape.”
Essa visão ignora fatores importantes como:
✅Condições clínicas ou hormonais que afetam o peso corporal.
✅Histórico pessoal (por exemplo, um ex-obeso que se tornou personal para ajudar outros).
✅Especialização (há excelentes profissionais focados em saúde funcional, reabilitação, ou terceira idade, onde a estética do corpo não é o foco).
✅Capacidade técnica e formação acadêmica.
*Problemas desse tipo de julgamento*
👉Preconceito e desvalorização profissional injusta.
👉Redução da diversidade de corpos no mercado fitness, reforçando padrões inalcançáveis.
👉Desencorajamento de alunos com sobrepeso que se identificariam com um profissional mais parecido com eles.
➡️Por outro lado: a aparência também é comunicação
Apesar de o julgamento pela heurística de representatividade ser superficial, a imagem pessoal é também uma ferramenta de marketing no mundo fitness. A maioria dos clientes leigos procura o que visualmente representa o objetivo que desejam atingir. Ou seja:
➕Um personal em forma passa credibilidade visual imediata (mesmo sem mostrar currículo).
➖Um personal fora do padrão estético comum precisa provar por outros meios (resultados de alunos, conteúdo técnico, empatia, comunicação, autoridade na área, etc.).
*Conclusão*
A *heurística de representatividade* é uma faca de dois gumes. Embora seja injusta e muitas vezes equivocada, ela rege o julgamento inicial de muitas pessoas. Um personal trainer acima do peso pode ser excelente, mas enfrentará o desafio adicional de quebrar o estereótipo — e precisará, com mais frequência, demonstrar sua competência de outras formas além da aparência.
Em um mundo ideal, resultados, conhecimento e empatia deveriam pesar mais que estética. *No mundo real, aparência ainda fala alto — especialmente no mercado fitness.*
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