Afinal de contas, a musculação auxilia ou não na perda de gordura localizada?




Muitas pessoas procuram a musculação com o intuito de emagrecer. Grande parte dessas pessoas sonha com a perda de gordura localizada, seja na região do abdomên, pernas ou qualquer outra que a deixe desconfortável em várias situações cotidianas, como escolher uma roupa ou ir à praia.

Temos, a priore, que entender que o processo de emagrecimento em decorrência do exercício físico de dá através do princípio da transformação de energia. Lembre-se da frase do químico francês Lavoisier “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O que podemos entender quando trazemos pro nosso organismo é que ele funciona como uma máquina que transforma a energia dos alimentos em dois fatores: calor e movimento.

A energia contida nos alimentos, que pode ser medida em calorias (geralmente) ou joules (raro), serve como combustível, necessário para manter as funções vitais no organismo (funcionamento dos órgãos, por exemplo) ou para atividades extravitais, como treinar musculação.

Podemos, por analogia, comparar o corpo humano com uma máquina, um carro, por exemplo. O carro, assim como o ser humano, necessita de combustível para que possa funcionar de maneira adequada.

Todos os dias, quantidades de calorias são ingeridas pelo seu organismo e quantidades de calorias são gastas. A diferença entre o quanto se consome e o quanto se gasta tem o nome de balanço calórico. Esse balanço calórico é feito no final de um período, onde você vai dormir e seu corpo aproveita pra “calcular” como foi seu dia.
Esse balanço calórico pode ser classificado de acordo com 3 situações, bem distintas entre si:


  • O balanço calórico será positivo se a quantidade de energia (calorias/alimentos) ingerida for maior que a quantidade gasta.
  • O balanço calórico será negativo se a quantidade de energia (calorias/alimentos) ingerida for menor que a quantidade gasta.
  • O balanço calórico será neutro se a quantidade de energia (calorias/alimentos) ingerida for igual à quantidade gasta.


Na primeira situação, onde o balanço calórico é positivo, há um excedente de energia que não foi gasta e será armazenada. Infelizmente, o local preferido pelo nosso organismo pra armazenar energia excedente é o tecido adiposo (gordura). Dessa forma, observamos um aumento de gordura corporal total, que pode evoluir pra uma obesidade, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças associadas à essa situação.

Nas segunda situação, onde o balanço calórico é negativo, há um déficit de energia. Esse déficit deve ser compensado de alguma forma para que o organismo continue a desempenhar suas funções, dentro do esperado e do normal. Essa diferença negativa é compensada pela energia armazenada nos tecidos adiposos (depósitos orgânicos de gordura). Dessa forma, observa-se uma diminuição na gordura corporal total.

Na terceira e última situação, toda energia ingerida é gasta, e não armazenada. Dessa forma, não observamos nenhuma alteração morfológica.

Podemos concluir, então, que quando o objetivo é o emagrecimento, devemos criar métodos para que o balanço calórico seja negativo. Para que isso aconteça, devemos reduzir significativamente as calorias ingeridas, através de um controle alimentar (dieta), associado ao aumento do gasto calórico diário, através da musculação, por exemplo.

Homens e mulheres diferem na quantidade de gordura corporal total. E essa diferença também é notória na distribuição de gordura pelo corpo, principalmente por fatores hormonais.

Essa distribuição de gordura diferenciada entre homens e mulheres segue uma padrão bem peculiar:

  • O padrão de distribuição de gordura nos homens é o padrão androide, ou seja, acúmulo de gordura da região abdominal e no tronco. Caracteriza-se pelo acúmulo de gordura visceral (com risco de disfunções crônico-degenerativas).
  • O padrão de distribuição de gordura nas mulheres e o padrão ginoide, ou seja, favorece maior acúmulo na região dos quadris e membros inferiores (com maior risco de disfunções circulatórias).


A perda de gordura corporal, em decorrência de um balanço calórico negativo, ocorre de maneira generalizada (corpo inteiro) e não existem evidências científicas que sustentem a ideia de que exista alguma forma de se queimar gordura localizada através de exercícios localizados, principalmente na região abdominal.

Dito isso, afirmo que nas regiões corporais em que há maior acúmulo de gordura, também haverá maior perda de gordura, independente da realização de exercícios localizados (desde que na condição de balanço negativo, como já observamos).

Concluímos, então, que nada adianta fazer 5000 exercícios abdominais em vários períodos do dia pra perder a ‘barriga” indesejada ou melhorar a cintura deformada por anos de abuso alimentar.

Os exercícios abdominais, da mesma forma que qualquer outro exercício para qualquer região do corpo, funcionam para aumento de força, melhora na postura, etc. Mas, infelizmente, contribuem muito pouco para o processo de emagrecimento, pois apresentam baixo gasto calórico.

Portanto : exercícios localizados não auxiliam na perda de gordura localizada. Treino e dieta promovem perda de peso corporal total.

Stay strong !

Betão

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